Este gel funciona intercetando o álcool no trato digestivo antes que ele chegue à corrente sanguínea. Lá, ele decompõe o álcool em ácido acético menos tóxico, evitando a formação de acetaldeídos, responsáveis pela maioria dos sintomas de ressaca, como náuseas, dores de cabeça e fadiga.

Os especialistas criaram o gel usando proteína de soro de leite, um resíduo da fabricação de queijos. Quando tratada com compostos específicos, a proteína do soro forma um gel que retém e decompõe o álcool com a ajuda de nanopartículas de ouro e enzimas. Este tempo de digestão prolongado permite que o gel converta efetivamente o álcool antes de entrar na corrente sanguínea.

No estudo, publicado na revista Nature Nanotechnology, os testes realizados em ratinhos mostraram uma redução significativa nos níveis de álcool no sangue 30 minutos após o consumo do gel. Além disso, os animais que receberam o gel com álcool exibiram menos perda de peso e melhor função hepática em comparação com aqueles que receberam apenas álcool.

Segundo a equipa, os ratos que receberam o gel apresentaram uma intoxicação 40% menor 30 minutos após a ingestão de álcool. Cinco horas depois, o nível de álcool no sangue dos animais era 56% menor que o registado no outro grupo.

O gel desloca a degradação do álcool do fígado para o trato digestivo. Ao contrário de quando o álcool é metabolizado no fígado, nenhum acetaldeído prejudicial é produzido como produto intermediário.

Para o investigador principal, Raffaele Mezzenga, a moderação ou a abstinência são sempre a abordagem mais saudável, no entanto, este gel pode ser uma ferramenta valiosa para quem gosta de beber álcool ocasionalmente, sem os indesejados efeitos colaterais.

Embora os testes em humanos ainda estejam distantes, esta investigação dá uma visão interessante das futuras estratégias de prevenção da ressaca. A esperança é que este gel, tomado antes ou durante o consumo de álcool, possa reduzir significativamente as consequências negativas do consumo.